domingo, fevereiro 24, 2013

Mascotes


Os animais sempre exerceram um inegável fascínio sobre os humanos. Fosse pela fidelidade canina, pela independência felina, pela polivalência dos equídeos, ora a auxiliarem-nos com a sua força, ora substituindo os seus colegas bovinos numa lasanha, pela forma destemida como o cágado se lança pelo remoinho da retrete esgoto adentro, pela graciosidade vertical com que o pombo escapa in-extremis ao embate do pára-choques ou pela forma suculenta como um galináceo aparece no nosso prato, depois de nos ter melgado o juízo com o seu cacarejar demasiado matutino para quem pretendia uma manhã de descanso depois da ressaca da noite anterior. Obviamente, tal afecto, tão arreigado nas raízes que identificam o nosso povo, não poderia passar incólume aos clubes de futebol, eles próprios expressão de um sentimento sócio-cultural de um grupo de indivíduos.
É certo que os clubes de futebol procuram animais com conotações “nobres”, sejam eles leões, águias, dragões, tigres, galos, D. Afonso Henriques, golfinhos ou castores (se pensarmos que em inglês “castor” significa “beaver” e “beaver” é, em calão, uma coisa de dignidade duvidosa, mas ainda assim muito procurada pelos homens com as hormonas à flor da pele). Mas há sempre uma ou outra excepção à regra. E é isso que pretendemos debater.



Lá para os lados de Guimarães, os Caçadores das Taipas adoptaram como mascote um porco. Bom, em rigor, é um javali. Perante tão insólita mascote, várias perguntas nos assaltam: como se tratarão os indefectíveis adeptos dos Caçadores das Taipas? “Grandes porcos”? Terão claques com nomes como “Ultras Recos” ou “Torcida Suína”? Quando se referem a “arbitragens armadilhadas” será que os devemos tomar no sentido literal da expressão? Como reagirão perante um jogo Mealhada – Caçadores das Taipas? Será que o Caneira e o Obélix alguma vez foram declarados cidadãos eméritos das Taipas?

Se formos justos, pese embora a pouca ortodoxia, até há alguma razoabilidade na escolha de um porco selvagem, visto ser um clube de caçadores. E todos sabemos que o que não faltam são porcos por aí à solta, pelo que esta mascote até é capaz de granjear alguma simpatia. O Maniche, por exemplo, poderá rever-se e achar engraçado.

Maniche tentou a sua sorte como Bebop nas Tartarugas Ninja, mas apenas gravou o episódio piloto – perdendo assim a hipótese de encarnar uma das mais carismáticas personagens secundárias das anos 90.
E depois há aqueles clubes que vão mesmo ao âmago da portugalidade e escolhem para sua mascote… exactamente, um pinguim. Acontece em Santa Comba Dão, uma terra que carrega o estigma de ter dado berço ao Oliveira mais influente do último século (e não estamos a falar da família do ex-seleccionador nacional). Um pinguim, meus senhores. Uma ideia brilhante. Até nos admiramos de Carregal do Sal não ter designado um urso polar ou de Mortágua não ter optado por um canguru, mas tamanha verve ocorreu apenas em Santa Comba Dão. Se reflectirmos bem sobre a Beira Alta, na exuberância beirã, no virtuosismo do seu futebol, no espírito estóico das suas gentes, o que nos vem à mente? Se percorrermos as ruas graníticas de Santa Comba Dão, se entrarmos nos seus cafés, se fizermos cócegas ao seu pelourinho, se escavarmos as suas fecundas terras à procura de minhocas, se espreitarmos para os ramos das suas frondosas árvores, se perscrutarmos o azul infinito do seu glorioso firmamento, o que será provável encontrar? A resposta para todas estas questões é exactamente essa que vocês estão a pensar: um pinguim.

Se o pinguim terá jeito para ser associado a um clube de futebol tão longe da Antárctica é por certo discutível. Mas já cá houve pelo menos um pinguim a jogar à bola. Digam agora de vossa justiça.

sábado, fevereiro 16, 2013

Sintomas gripais

Estamos às portas de uma vaga de gripe, pelo que dizem.
Sintomas gripais... algo que se tem ouvido muito ultimamente, como:




Nao perceberam a charada? A Solução está aqui:

e



sábado, fevereiro 09, 2013

Acácio Pestana



Para quem não sabe, já existia um verdadeiro líder madeirense antes de Alberto João Jardim, José Manuel Coelho ou o Prof. Rui Mâncio. Chamava-se Acácio Pestana, o one-man-show do jornalismo desportivo ilhéu. Sempre na sombra dos mais metropolitanos Gabriel Alves ou José Nicolau de Melo, foi precocemente remetido para um injusto oblívio. Meus senhores, este senhor levou o desporto madeirense às costas durante anos e anos. Ele suportou praticamente sozinho as expensas de relatar jogos e comentar resumos de futebol insulares. Por isso, respeitinho. Se não fosse Acácio Pestana, nunca teríamos popularizado o Estádio dos Barreiros como “o Caldeirão” e jamais conheceríamos a existência da palavra “canícula”. Provavelmente, não teríamos o prazer de sentir aquele timbre tão característico a pintar-nos telas expressionistas na nossa imaginação, quando, colados ao rádio, ouvíamos Acácio descrever o “gol da turma forasteira, que vinha porfiando desde o início da etapa complementar”. Eram outros tempos, eram outros bigodes. Acácio Pestana multiplicava-se por toda a ilha. A seguir às bananas, era Acácio Pestana o produto mais exportado da Madeira. 
Era vê-lo em vários ecrãs em simultâneo no “Domingo Desportivo” de então, magnetizando a atenção de Rui Tovar. Por muito que gostássemos daquele móvel anacrónico estrategicamente colocado entre os apresentadores, com um telefone também muito estrategicamente colocado a fazer de bibelot e notássemos a falta de um naperon para completar aquela paisagem tão anos 80, era a omnipresença de Acácio que impressionava. E, por incrível que pareça, não havia imagens decentes de Acácio Pestana na internet. Até hoje. Demos mais sentido às nossas vidas. Recuperámos Acácio Pestana.
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